De acordo com Paola Giustina Baccin, professora da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP), os italianismos foram introduzidos no Brasil por meio de duas grandes correntes migratórias. A primeira ocorreu no final do século 19 e início do 20, com italianos vindos principalmente das regiões da Itália setentrional para o Sul e Sudeste do Brasil a fim de trabalhar na lavoura. A segunda foi após a Segunda Guerra Mundial, com imigrantes vindos da Itália setentrional novamente para a Grande São Paulo, onde foram trabalhar na indústria.
Os imigrantes trouxeram a cultura italiana no modo de se vestir, na religiosidade, na língua e nos dialetos com os quais se comunicavam. Os italianismos provenientes desse contato entraram para a nossa língua principalmente por intermédio da forma oral, de pais para filhos, entre vizinhos, de empregado para patrão etc., e, como estão há muito tempo no léxico, adaptaram-se ou desapareceram. Algumas das unidades lexicais, no entanto, ainda são sentidas como italianismos, apesar da total adaptação fonética, caso de "espaguete", "nhoque" e "lasanha" - avalia Baccin.
O resultado de todo esse processo é que, segundo Baccin, muitos italianismos acabaram dicionarizados, caso de "adaggio", "allegro" e "andante", no campo musical; "arlequim", "colombina" e "vedeta", no teatro; "afresco", "aquarela" e "caricatura", nas artes plásticas; e "amainar", "escolta" e "piloto", na navegação. Outras palavras que têm a mesma origem são "bandido", "canhão", "baderna", "gelatina", "ágio" e "capricho".
Assim como esses vocábulos, tão bem adaptados ao português que nem parecem ter vindo de outro idioma, os ítalo-brasileiros também já fazem parte da paisagem multicultural brasileira. Os quadros nesta página funcionam como um inventário da influência linguística italiana, seja personificada pelo sotaque caricato das telenovelas; seja no processo de tombamento do sotaque da Mooca, em São Paulo; ou ainda na pele do personagem Juó Bananére, criado pelo jornalista Alexandre Marcondes .
Um marco da utilização do linguajar dos "ítalo-paulistas" e do registro da vida cotidiana dos imigrantes italianos é o livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda, do paulistano Antônio de Alcântara Machado. Com linguagem leve e bem-humorada, ali aparecem expressões como "lavorar", "ciao", "andiamo", "repito un'altra vez" e "banzando" (brincando), proferidas por personagens chamados Beppino, Carmela, Nicolino, Lisetta, Rocco e Gaetaninho.
Alcântara Machado
Um dos mais originais representantes do movimento modernista brasileiro, descreve com maestria o universo multicultural da cidade nas primeiras décadas deste século. Em suas obras, destaca a influência italiana na construção do singular caráter paulistano, especialmente no campo da linguagem. Retrata com fidelidade os bairros da cidade, mostrando os hábitos e dramas da população, bem como as contradições do rápido e forçado processo de urbanização.
Em “Brás, Bexiga e Barra Funda”, exibe as peculiaridades do período de transição entre a velha província e a grande metrópole. A pobreza, a revolta e a quase ingenuidade proletária em contraste com o espanto e a hesitação da aristocracia decadente e dos novos ricos. Alcântara Machado escreve sobre uma fase de adaptações.
Nascido em São Paulo, a 25 de maio de 1901, morreu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1935. Publico
“Brás, Bexiga e Barra Funda”, contos, em 1927.
Alcântara Machado
Um dos mais originais representantes do movimento modernista brasileiro, descreve com maestria o universo multicultural da cidade nas primeiras décadas deste século. Em suas obras, destaca a influência italiana na construção do singular caráter paulistano, especialmente no campo da linguagem. Retrata com fidelidade os bairros da cidade, mostrando os hábitos e dramas da população, bem como as contradições do rápido e forçado processo de urbanização.
Em “Brás, Bexiga e Barra Funda”, exibe as peculiaridades do período de transição entre a velha província e a grande metrópole. A pobreza, a revolta e a quase ingenuidade proletária em contraste com o espanto e a hesitação da aristocracia decadente e dos novos ricos. Alcântara Machado escreve sobre uma fase de adaptações.
Nascido em São Paulo, a 25 de maio de 1901, morreu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1935. Publico
“Brás, Bexiga e Barra Funda”, contos, em 1927.
Boa noite, José...
ResponderExcluirEstou feliz com sua chegada por aqui.Desejo que volte, mesmo.
Estou indo visitá-lo.
Bj.