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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Alcântara Machado e a imigração italiana em S.Paulo.


De acordo com Paola Giustina Baccin, professora da Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP), os italianismos foram introduzidos no Brasil por meio de duas grandes correntes migratórias. A primeira ocorreu no final do século 19 e início do 20, com italianos vindos principalmente das regiões da Itália setentrional para o Sul e Sudeste do Brasil a fim de trabalhar na lavoura. A segunda foi após a Segunda Guerra Mundial, com imigrantes vindos da Itália setentrional novamente para a Grande São Paulo, onde foram trabalhar na indústria.
Os imigrantes trouxeram a cultura italiana no modo de se vestir, na religiosidade, na língua e nos dialetos com os quais se comunicavam. Os italianismos provenientes desse contato entraram para a nossa língua principalmente por intermédio da forma oral, de pais para filhos, entre vizinhos, de empregado para patrão etc., e, como estão há muito tempo no léxico, adaptaram-se ou desapareceram. Algumas das unidades lexicais, no entanto, ainda são sentidas como italianismos, apesar da total adaptação fonética, caso de "espaguete", "nhoque" e "lasanha" - avalia Baccin.

O resultado de todo esse processo é que, segundo Baccin, muitos italianismos acabaram dicionarizados, caso de "adaggio", "allegro" e "andante", no campo musical; "arlequim", "colombina" e "vedeta", no teatro; "afresco", "aquarela" e "caricatura", nas artes plásticas; e "amainar", "escolta" e "piloto", na navegação. Outras palavras que têm a mesma origem são "bandido", "canhão", "baderna", "gelatina", "ágio" e "capricho".
Assim como esses vocábulos, tão bem adaptados ao português que nem parecem ter vindo de outro idioma, os ítalo-brasileiros também já fazem parte da paisagem multicultural brasileira. Os quadros nesta página funcionam como um inventário da influência linguística italiana, seja personificada pelo sotaque caricato das telenovelas; seja no processo de tombamento do sotaque da Mooca, em São Paulo; ou ainda na pele do personagem Juó Bananére, criado pelo jornalista Alexandre Marcondes .

Um marco da utilização do linguajar dos "ítalo-paulistas" e do registro da vida cotidiana dos imigrantes italianos é o livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda, do paulistano Antônio de Alcântara Machado. Com linguagem leve e bem-humorada, ali aparecem expressões como "lavorar", "ciao", "andiamo", "repito un'altra vez" e "banzando" (brincando), proferidas por personagens chamados Beppino, Carmela, Nicolino, Lisetta, Rocco e Gaetaninho.

Alcântara Machado
Um dos mais originais representantes do movimento modernista brasileiro, descreve com maestria o universo multicultural da cidade nas primeiras décadas deste século. Em suas obras, destaca a influência italiana na construção do singular caráter paulistano, especialmente no campo da linguagem. Retrata com fidelidade os bairros da cidade, mostrando os hábitos e dramas da população, bem como as contradições do rápido e forçado processo de urbanização.


Em “Brás, Bexiga e Barra Funda”, exibe as peculiaridades do período de transição entre a velha província e a grande metrópole. A pobreza, a revolta e a quase ingenuidade proletária em contraste com o espanto e a hesitação da aristocracia decadente e dos novos ricos. Alcântara Machado escreve sobre uma fase de adaptações.

Nascido em São Paulo, a 25 de maio de 1901, morreu no Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1935. Publico

“Brás, Bexiga e Barra Funda”, contos, em 1927.








Um comentário:

  1. Boa noite, José...

    Estou feliz com sua chegada por aqui.Desejo que volte, mesmo.
    Estou indo visitá-lo.

    Bj.

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