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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Todo ( ou nenhum )homem é uma ilha (?) ...para reflexão.



John Donne (1572-1631):
Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

Saramago :
O filósofo do rei, quando não tinha que fazer, ia sentar-se ao pé de mim, a ver-me passajar as peúgas dos pajens, e às vezes dava-lhe para filosofar, dizia que todo o homem é uma ilha, eu, como aquilo não era comigo, visto que sou mulher, não lhe dava importância, tu que achas, Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós, Se não saímos de nós próprios, queres tu dizer, Não é a mesma coisa.



O homem que queria um barco, bem como a mulher da limpeza que decide o seguir,
são o elemento diferenciador na narrativa: aqueles que assumem o papel de descontentamento com a realidade presente . São eles, que não possuem o poder e os barcos de domínio do rei, nem o conhecimento e a experiência dos marinheiros, que decidem buscar a ilha desconhecida, não conformados apenas com as que já existiam.

Isso, porque tinham o essencial: a vontade, o despreendimento, o desejo de mudança. Esses dois personagens demonstraram que o passado pode ser lembrado através de diferentes concepções, duas as quais ficam claramente expostas no conto em questão.

Uma, representada através do rei e dos marinheiros, concretizada na estabilidade daquilo que já foi conquistado: “não iriam eles tirar-se do sossego dos seus lares e da boa vida dos seus barcos de carreira para se meterem em aventuras oceânicas, à procura de um impossível.” (SARAMAGO,1998, p.39).

A outra, a qual seguiram, fundamentada não a partir do que outros disseram ser apropriado e mais sensato, mas alicerçada pessoalmente por aquilo em que se acredita, a realidade como resultado da equação entre o que se quer, o que se é e a maneira em que, portanto, acaba-se agindo.

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